domingo, 23 de setembro de 2012

AUSTRALIAN CATTLE DOG


O "Boiadeiro australiano"

Em algumas viagens visitando criações de gado Jersey gaúcho, tive contato com agropecuaristas acompanhados de cães "Boiadeiros Australianos (Australian Cattle Dog – ACD)". Não posso dizer tê-los achado “bonitos” mas, reconheço, lembraram-me muito aos lindos e eficientes "Border Collies".

Caroline Bertagnolli, em Passo Fundo, com Sorro (seu ACD) - junho de 2012

Cão pertencente ao Grupo 1, Seção 2 (cães pastores e boiadeiros, exceto boiadeiros suiços), tem origem australizano havendo dúvidas sobre as raças envolvidas na sua formação devido ao grande número de tentativas e combinações feitas até o resultado final. É provável que seu início tenha ocorrido durante a migração britânica pois, no ambiente totalmente novo que era o deserto australiano, os colonizadores necessitavam de um cão adaptado àquelas condições.

Várias tentativas foram feitas com animais nativos e ingleses, os ingleses levando seus cães de trabalho para a Austrália tentando aproveitar as raças que possuíam grande habilidade no pastoreio nas ilhas britânicas, ambiente totalmente diferente. Estes primeiros cães eram conhecidos como "Smithfields", nome do mercado central de carnes em Londres, genericamente descritos como sendo pesados, pretos, com orelhas caídas e pelagem longa. Apesar de serem excelentes pastores em sua terra natal, não conseguiram a mesma performance nas novas terras, especialmente porque a pelagem densa e longa aliada ao calor australiano dificultava sua atuação no trabalho com o gado.

Docilidade à tôda prova, garante a veterinária Caroline

Diante da dificuldade de adaptação desses cães, os fazendeiros locais iniciaram os acasalamentos entre as raças inglesas e as nativas da Austrália, conhecidos como "Dingos". Mas o resultado não foi o esperado, apesar dos produtos obtidos serem realmente silenciosos, pois eram pouco confiáveis, com freqüência mostrando-se muito agressivos atrapalhando o manejo do gado. A tentativa seguinte foi a cobertura dos "Dingos" com "Collies", o resultado não agradando completamente porque a grande maioria dos cães latia em excesso, o que também prejudicava a condução dos rebanhos.

Mas o objetivo acabou sendo atingido: um cão de pastoreio eficiente e rústico, com grande habilidade na condução do gado, em silêncio, e que  se deitava no chão a fim de evitar que a boiada saísse da trilha desejada. Graças aos esforços de Mr. Thomas Hall of Muswelbrook, por trinta anos aperfeiçoador da raça descrita pela primeira vez em 1902, em 1840 importando um casal de "Blue Smooth Highland Collies", muito parecidos com os "Border Collies" ou "Bearded Collies" atuais. Estes cães, descritos como cães de coloração blue merle, foram acasalados com os "Dingos" nativos obtendo-se filhotes merle ou vermelhos que ficaram conhecidos como "Hall's Heelers".

O trabalho deste pioneiro foi evoluindo até sua morte, em 1870, e seu cães passaram a ser conhecidos como "Blue Heelers" ou "Queensland Heelers". Deram frutos para o desenvolvimento da raça e, incluindo alguns acasalamentos com "Bull Terrier" para aumentar a tenacidade dos cães, e outros com "Dálmatas", chegamos ao ano de 1902, quando Robert Kaleski escreveu o primeiro padrão da raça, baseando-se para isso no tipo físico dos dingos australianos, que acreditava serem os mais bem adaptados ao trabalho na região.

Os principais registros foram feitos por Robert Kaleski, apaixonado pela raça ainda na adolescência, dedicando-se ao seu estudo e desenvolvimento por toda sua vida. Apesar disso, há grande controvérsia sobre quais as raças que teriam contribuído para o definitivo Australian Cattle Dog - ACD.

A empresária Bertagnolli diz que é excelente para o manejo de suas Jersey,
prof.Bruno Kneib escutando, na famosa Cabanha Butiá

A raça só foi reconhecida pelo American Kennel Club, no grupo "Miscelaneous", no final da década de 60 e, graças aos esforços dos criadores, em 1980 sendo finalmente reconhecida plenamente. No Brasil, sua entrada é mais recente, com poucos registros e criadores oficiais. 

Mas veio para ficar!!




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SIEGER BRASILEIRA CBPA 2012 - PASTOR ALEMÃO



Café do Conan do Vale da Glória

De 03 a 05 de agosto transcorreu a “Sieger” Brasil 2012, do CBPA – Clube Brasileiro do Pastor Alemão.
“Sieger” é como se denomina a principal exposição da raça Pastor Alemã em cada país: temos a “Sieger” alemã, a “Sieger” argentina, a “Sieger” brasileira, etc..
Neste ano, a “Sieger” brasileira do CBPA transcorreu em Atibaia-SP, com julgamento do francês Marc Renaud, com expressiva participação de criadores e expositores do Rio Grande do Sul, abaixo sintetisada:

O primeiro destaque é para a VA1 (siegerin), vencedora da classe de fêmeas selecionadas (a classe de fêmeas adultas), a gaúcha Zara da Colônia Alegretti, extraordinária filha do sieger brasileiro de 2006 Iasmo von Kolbeck (e neta do legendário Bugre da Fonte do Mato, presente no pedigree do Sieger CBPA 2012 Matute de La Dulce Laika) e de Lee da Colônia Alegretti (uma filha do Mischaland's Chaplin numa filha do Yasmo Wienerau). Zara mereceu anos de trabalho árduo, gerações sendo esculpidas pelo titular do canil Colônia Alegretti, de Santa Maria, o conhecido juiz e criador José Raul Saldanha.

Zara com Cláudio Abreu, Zé Raul, Rodrigo e Kiko
 

Outro produto do canil Colônia Alegretti que merece destaque é
SG1 Kelly da Colônia Alegretti (Waiko v d Freiheit Westerholt x Bluma do Recanto von Lak). Kelly foi a “siegerin” vencedora da terceira categoria (exemplares de 12 a 18 meses).


Kelly da Colonia Alegretti, SG1


Na terceira  categoria machos,, tivemos excelentes resultados,com dois filhos de Whisky Von der Loie: Café do Conan do Vale da Glória (terceiro colocado) e Sultão da Casa Del Calê (5º colocado).


Café do Conan do Vale da Glória

Café é filho de WHYSKI VON DER LOIÊ (que traz em seu pedigree Yusko Kirschental-Fritz Farbenspiel-Ursus Von Batu-Junker Bierstadter Hof-Gandhi Von Arlett) com a reprodutora selecionada LUANA DA QUINTA DA FIGUEIRA (filha do VA argentino Grando Von Del Dido). Café tem consanguíneo 4-3 em Fritz Farbenspiel, 5-4 em Ronja Farbenspiel, e 5-4 em Ursus Von Batu. Vale destacar ainda, entre seus ascendentes, Nick Romerau, o trisavô Timor de Ponsvera, o excelente reprodutor Hector Quinta da Figueira, Valium Arminius e Rikkor Bad-Boll. Café é de criação de Gilberto Brasil e propriedade de  José Alcides Carneiro Saldanha, “Carneirinho”, que assim volta às lides com um excelente e promissor exemplar.
Sultão Casa Del Calê, quinto  colocado, é criação e propriedade do pelotense (radicado há muitos anos em Porto Alegre) Ilson Calearo.

Na segunda-categoria fêmeas tivemos duas cadelas gaúchas competindo: a terceira colocada Ronda de Ponsvera (excelente filha de Bhax Mhuramel e Ita de Ponsvera), e Gringa do Vale da Neblina (oitava colocada), uma fêmea que chamou muita atenção dos pastoreiros pela grande tipicidade e impronta, recebendo inclusive muitas propostas de compra de pastoreiros do centro do país.
Gringa é criação e propriedade do criador e juiz da raça, o Engº Sérgio Felippetto, de Porto Alegre, e é filha de Xaver do Vale da Neblina e Wicky do Vale da Neblina.
Finalmente, destacamos excelente participação de um filhote de criação argentina, radicado em Caçapava do Sul propriedade do conhecido juiz e criador Luiz Delfino Albarnaz (canil Fonte do Matto): Vegas de Los Baguales, que ficou em terceiro lugar na 6ª categoria machos (exemplares de 4 a 6 meses).  
Vegas, três semanas depois da Sieger, participou de uma exposição em Santa Fé (Argentina), uma exposição muito concorrida, julgada pelo diretor de criação da POA (entidade pastoreira argentina), Horácio Domingues.

Vegas de Los Baguales
Este jovem exemplar é filho do VA1 (Brasil) VA9 (Argentina) Matute de La Dulce Laika, um belíssimo cão, dotado de um excelente temperamento. 

A mãe de Vegas é Ungana de Los Baguales, uma filha do VA1 (Alemanha) Pakros D’Ulmental e da VA1 (Argentina 2007) Máxima de Los Baguales. 

Vegas possui consangüinidade em Bugre da Fonte do Mato 5-4, o legendário exemplar criado por Luiz Delfino que foi três vezes vice-sieger na Argentina na década de 1990.

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